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Platão: Teoria do conhecimento

Após termos apresentando os conceitos básicos na última aula passamos agora aos estudos das concepções filosófica sobre o conhecimento que marcaram a filosofia antiga. A primeira delas digna de nota é concepção de Heráclito a qual acreditava que toda a realidade seria marcada por uma multiplicidade em eterna mudança: devir. O ser para Heráclito seria múltiplo, tal multiplicidade era marcada pela luta entre contrários, oposições internas em eterna contradição. A realidade encontrava sua harmonia justamente nessa luta de contrários. (ex: luz x escuridão, quente x frio, úmido x seco)

Como oposição ao pensamento de Heráclito e seu mobilismo, Parmênides defendeu a imobilidade do ser, uma vez que para ele seria impensável que uma coisa pudesse ser e não-ser ao mesmo tempo. O ser para Parmênides é único, imutável, infinito e imóvel ele finda um mundo inteligível no qual se encontra o conhecimento verdadeiro. No entanto, com isso Parmênides não queria negar a existência da mudança e transformação testemunhada por nossos sentidos, mas sim colocá-la no mundo sensível, mundo da opinião e não do conhecimento. Com isso se segue que o filósofo deve se esforçar para penetrar a realidade deixando para trás toda aparência de movimento, buscando assim capturar a essência da realidade.

Do partido de Heráclito apareceram os sofistas, entre eles Protágoras, ele afirmava que "O homem é a medida de todas as coisas" com isso desejava defender a tese de que há diversas concepções possíveis para verdade, a razão não algo para além da capacidade do indivíduo de construir uma verdade. Com isso temos um relativismo e subjetivismo no qual a Verdade, com “V” maiúsculo não existe, mas apenas verdades concorrentes, ninguém deteria a verdade.

Górgias, outro sofista, era um cético radical que afirmava a impossibilidade de se conhecer qualquer coisa, a palavra para ele não designa coisa, mas sim comunica opiniões, o ser não se deixa desvelar pelo pensamento. Sua retórica não levaria a verdade, mas a persuasão, visaria não a razão mais o sentimento.

Sócrates, por sua vez, foi um ferrenho opositor dos sofistas, pois o relativismo e subjetivismo dos sofistas pareciam a Sócrates um charlatanismo, eles não se empenhavam na busca do conhecimento, permanecendo assim no reino da mera opinião, aceitavam tudo como verdade e, com isso, nem sequer buscavam purificar seus argumentos de contradições e erros.

O método socrático consistia em constante indagação que já partia do reconhecimento de uma profunda ignorância sob os mais diversos assuntos. Sua ironia consistia no incentivo de seu interlocutor seguido das refutações que demonstravam as contradições dos discursos, com isso Sócrates desmontava as certezas de seu interlocutor. O segundo momento, a maiêutica, consistia em substituir o saber meramente opinativo colocando em seu lugar a definição do conceito, ou ao menos a depuração dos erros e contradições das opiniões iniciais. Os diálogos da fase socrática de Platão acabam por ser marcados por esta busca continua da verdade através da definição conceitual, do abandono das concepções particulares visando alcançar o universal e conceitual.

Platão foi o filósofo que realizou a primeira grande síntese na filosofia, juntando as concepções de Heráclito, Parmênides, dos sofistas e de Sócrates realizou a primeira teoria do conhecimento sistemática. Com Heráclito afirma a existência do movimento e da transformação do mundo sensível, mundo este dotado de grande multiplicidade e de opostos em conflito ambos captados pelos sentidos. No entanto, com Parmênides afirma que este é o mundo da opinião (doxa), e que a busca do conhecimento deve transcender este mundo sensível rumo ao mundo inteligível das ideias ou essências. Neste mundo não reina a mutabilidade e a multiplicidade, mas sim a unidade e a imutabilidade, tais ideias são a verdade e todo mundo sensível somente é possível na medida em que participa do mundo das ideias.

Com os sofistas e Sócrates, Platão aprende o método dialógico, isto é, a arte de refutar opiniões e convencer através de argumentos, diferente dos sofistas Platão buscará aquela Verdade com “V” maiúsculo diferente de Sócrates ele não se contentará com aporias e com a depuração dos argumentos e raciocínios, mas visará atingir o conceito.

Por fim resta dizer que na teoria do conhecimento platônica o processo dialético-dialógico que nos leva as ideias são fundamentados por uma teoria da reminiscência na qual todo conhecimento é uma rememoração. A alma humana já contemplou antes de encarnar todo o conhecimento existente no mundo das ideias, sendo assim, após encarnar e deste conhecimento esquecer ela deve relembrá-lo. O método para isso é o contato com o mundo sensível através dos sentidos, bem como o uso da razão através do diálogo e da dialética para poder sair do reino sensível da opinião e se alçar ao mundo inteligível das ideias.

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