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Metafísica aristotélica

Na última aula foi apresentada a teoria do conhecimento de Platão, vimos que o filósofo desejou construir um modelo de compressão da realidade que sintetizasse não só a compreensão de Heráclito e de seu mobilismo, no qual a essência da realidade é o movimento, mas também o modelo de Parmênides, o qual desejava penetrar mais profundamente na realidade, descobrindo assim sua essência, uma vez que o mundo sensível jamais poderia ser fonte de um conhecimento seguro. Com isso, Platão traz em seu modelo a verdade revelada tanto na teoria de Heráclito quanto na de Parmênides, como resultado temos seu dualismo, no qual expõe a existência de uma mundo sensível e de um inteligível.


O dualismo platônico visava explicar tanto o mundo que, diante dos sentidos, se transformava constantemente, quanto o mundo das ideias e conceitos que permanecia imóvel, imperecível e eterno. O processo de conhecimento se daria por rememoração ou reminiscência, em que o ser humano relembraria, no contato com as coisas do mundo sensível, as ideias contempladas no mundo inteligível antes de seu nascimento, quando sua alma residia no mundo inteligível.


A teoria do conhecimento aristotélica é famosa por "trazer o mundo das ideias de Platão ao chão", pois termina com o dualismo platônico afirmando um monismo, isto é, a tese de que apenas uma substância e um mundo existe, e não duas, sensível e inteligível como defendia Platão. A substância para Aristóteles é a verdadeira essência do ser, isto é, de tudo que existe, uma vez que as coisas são constituídas de substância e de suas propriedades. É a substância que faz uma coisa ser uma coisa e não outra, é a essência o que é necessário.


Para Aristóteles a ciência busca encontrar as causas por trás de tudo que existe, a filosofia até Aristóteles já havia descoberto vários tipos de causa que explicam a composição e as mudanças dos seres, nessa medida coube ao filósofo organizar estas causas formando o que ficou conhecido como a teoria das quatro causas.


Duas das causas tentam dar conta da composição dos seres, estas são chamadas de causa material e formal. A primeira é aquela à qual se refere a matéria, tudo que nós vemos diante dos sentidos é constituído de matéria, independentemente de qual propriedade ou qualidade. A segunda causa, a formal, é aquela a qual se referia Platão, ela é responsável pela individualização de um ser, de uma coisa, a matéria sem forma é irreconhecível, somente com forma ela torna-se algo. Exemplo: a substância mesa depende da matéria madeira e da forma de mesa para ser então uma mesa de madeira. “A matéria madeira é o substrato da forma mesa, já a forma mesa é a determinação da matéria madeira" p.96


As outras duas causas dizem respeito não a constituição dos seres mais ao movimento e transformação, sendo elas a causa eficiente ou motriz e a causa final. A causa eficiente diz respeito a origem e geração, por exemplo, nos seres vivos seus genitores, no caso de objetos aqueles que o fabricaram. A causa final é o objetivo final a que se almeja, no caso de seres vivos é se desenvolver até o ápice de sua espécie ou tipo, no caso de objetos são os mais diversos motivos, desde de sua utilidade para uma tarefa, a sua contemplação.


O movimento e transformação dos seres são explicados por Aristóteles com dois conceitos chaves; ato e potência. No ato temos o ser realizado, isto é, como ele se encontra naquele exato momento, por exemplo, neste momento temos nesta sala estudantes em ato. Potência é o vir-a-ser, o que tem a possibilidade de torna-se algo diferente daquilo que é, por exemplo, nesta sala todos têm a potência de tornarem-se universitários. Assim, se dá o movimento e transformação da realidade num eterno vir-a-ser de uma potência que vira ato e que se torna novamente potência.


Como temos diversas ciências e cada uma com a investigação de uma substância específica Aristóteles realiza uma separação destas ciências da seguinte maneira: chamou de ciência teoréticas ou especulativas aquelas que explicam objetos independentes do ser humano, a natureza a física a matemática, ciências que não são vistas como úteis para algo específico a não ser uma ampliação do saber; nomeou como ciências práticas aquelas que dizem respeito a moral e a política, isto é, úteis na tomada de de cisão e para amparar e justificar a ação; por fim chamou de ciências produtivas aquelas que dizem respeito a produção de bens e que são pautadas pelo conhecimento técnico, por exemplo, ferreiros, marceneiros e pedreiros.




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