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Kant: Estética

O juízo de conhecimento e o juízo de gosto


Immanuel Kant foi o responsável por empreender uma violenta guinada na estética, se até aqui todos os nossos autores, Platão, Aristóteles e Plotino, que compreendiam que o centro da existência da beleza estava no objeto, agora com Kant este centro é deslocado para o sujeito. Chamaremos esta mudança de guinada subjetivista.

Kant acaba por abandonar os problemas estéticos vendo-os como insolúveis, tal concepção se justifica pela sua teoria dos juízos que separam o juízo estético do juízo de conhecimento. Deste momento em diante, aceitando a resolução kantiana a estética perderia toda sua capacidade de revelar ou desvelar a realidade, ela separa-se desta de maneira irreconciliável.

O juízos de conhecimento buscam revelar propriedades dos fenômenos que se apresentam diante de nós, quando digo por exemplo: a rosa é branca, busco conectar os conceitos rosa e branca de maneira a afirmar que o fenômeno rosa se apresentou na cor branca, esse juízo revelou algo da rosa e por isso é um juízo de conhecimento, ele é cabível de ser verdadeiro ou falso.

Os juízos estéticos por sua vez não são de conhecimento, isto é não trabalham com conceitos, mas sim com uma reação pessoal do contemplador diante do objeto, mas não causado a partir de suas propriedades. O ponto será a faculdade de agradar ou desagradar e não a faculdade de conhecimento. Quando se diz que algo é belo, quer dizer que o indivíduo, sentiu agrado colocado diante deste objeto.


O juízo estético e o Juízo sobre o agradável


O juízo do agradável é aquele que agrada os sentidos, por exemplo, quando experimento um prato que é bem recebido por meu paladar. Neste temos a concepção de que agrada a mim pessoalmente e pode não agradar a outro, muitas pessoas não sentem agrado em alimentos amargos outras os adoram, esse relativismo é a marca do juízo do agradável. No entanto o juízo estético possui uma semelhança, também tem a ver com o agrado, mas um importante diferença, não se satisfaz em agradar somente a si, deseja que todos julguem da mesma forma, o juízo da beleza não se conforma com ser belo apenas para mim, quer que seja belo para todo ser humano que esteja diante deste objeto, isto é, exigimos validade geral, tal como exige o juízo de conhecimento.


Juízo de conhecimento: ‘Essa rosa é branca'. (conceito, validez geral)


Juízo sobre o agradável: ' Esse alimento me agrada’ (Sensação, reação puramente pessoal do sujeito, ausência de validade geral.)


Juízo estético: ' Esta rosa é bela.’ (sensação agradável do sujeito, ausência de conceito, mas exigência de validade universal)” (SUASSUNA, 2014, P. 71)


Deste modo, a beleza, ou melhor, a satisfação determinada pelo juízo de gosto, é “aquilo que agrada universalmente sem conceito”, um “universal sem conceito”. Com efeito, esta é a peculiaridade do juízo estético, ele se baseia no prazer o desprazer experimentado por um sujeito específico diante de um objeto, a partir disso ele deseja que seu juízo particular seja universalizado, sem que esteja embasado em nenhuma característica do objeto.

Para Kant, isto ocorre, pois em todo individuo a sensação de prazer é fruto de uma harmonia entre as faculdades: entre imaginação, sensibilidade e entendimento. O juízo estético se apresenta como “uma necessidade subjetiva que aparece como objetiva.”

Outra importante diferença entre o juízo do agradável e o estético a com relação ao tipo de prazer deles subtraídos, no primeiro temos os prazeres interessados, por exemplo, na alimentação o interesse é a nutrição; já no juízo estético não há interesse particular, isto é, é um tipo de prazer, por assim dizer, desinteressado, gratuito.

O tema kantiano por excelência não é qual característica torna este ou aquele objeto belo, mas sim que tipo de ato da consciência julga a Beleza, que tipo de sentimento contemplativo é este que se quer possui desejos e interesses, isto é, a Beleza causaria uma prazer, desinteressado e, por isso, livre.

Há outra importante distinção feita sobre o juízo estético, todo juízo dessa natureza tem como elemento a finalidade, não o fim. O fim é tudo aquilo que diz respeito a utilidade do objeto, a finalidade ao sentimento do sujeito diante do objeto. O fim “liga-se a propriedade e a destinação útil do objeto" e a finalidade “liga-se mais a forma e ao sentimento de prazer ou desprazer que desencadeia no sujeito. O prazer estético deste modo é simplesmente causado ela forma, finalidade do objeto. (finalidade sem fim)


Beleza livre e Beleza aderente


Uma locomotiva pode ser bela, mas sua beleza pe aderente, é colocada sobre sua utilidade, ao olharmos a locomotiva não conseguimos contemplá-la de maneira desinteressada, pois sua utilidade grita a nossos olhos. Tal fenômeno não ocorre com uma pintura, não procuramos sua utilidade, mas apenas contemplamos sua Beleza livre. Na teoria sobre a arte que nasce daí quanto mais abstrato, mais livre é a Beleza, quanto mais encarnar conceitos mais aderente.


HUISMAN Denis. A Estética. Lisboa: edições 70. 1981.

SUASSUNA. Ariano. Iniciação à estética. 13ªed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2014


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