Argumento Dedutivo x Indutivo
- Rodrigo R de Carvalho
- 5 de mar.
- 3 min de leitura
Em nosso primeiro texto sobre lógica vimos diversos exemplos de argumentos dedutivos, este são aqueles no qual a conclusão é aferida necessariamente das premissas, a conclusão já está contida, de modo implícito, nas premissas ou razões. Apresentamos os conceitos de proposição, premissas, conclusões e argumentos. Aprendemos a avaliar um argumento segundo a sua validade ou invalidade e sobre a verdade ou falsidade.
A limitação da argumentação do tipo dedutiva é que ela não é ampliativa, isto é, todo conhecimento revelado pela conclusão já se encontra nas premissas. (São como vimos em epistemologia, analíticos a priori) Sendo assim a lógica começou a explorar outros tipos de argumentos: os indutivos.
De acordo com Aristóteles indução é o procedimento que leva do particular ao universal, ao contrário do argumento dedutivo que vai do universal para o particular. Para ficar mais claro sigam o exemplo:
Todos os vegetais contêm a vitamina C (UNIVERSAL)
O espinafre é um vegetal.
O espinafre contém a vitamina C (PARTICULAR)
Como partiu do universal para o particular e a conclusão é uma consequência das premissas o argumento é dedutivo e temos a certeza lógica. Veja agora o Argumento indutivo, o qual parte do particular para o Universal:
A maioria dos vegetais contêm a vitamina C
O espinafre é um vegetal
O espinafre contém vitamina C
Este argumento acima por ser indutivo será sempre inválido, isto é, a consequência não deriva por processo analítico dedutivo, por essa razão não é possível ter certeza. Neste tipo de argumento só temos maior ou menor incerteza, tanto lógica quanto ao conteúdo de verdade de premissas e conclusões.
Nos argumentos indutivos a consequência será sempre mais ou menos provável, nunca certa. Ao contrário dos argumentos dedutivos a relação entre as premissas e a conclusão não é necessária, mas sim incerta, por isso analisada segundo a probabilidade. Enquanto os argumentos dedutivos válidos possuem 100% de certeza os indutivos sempre estarão abaixo deste número, nunca podendo alcançá-lo.
Se a dedução possui a vantagem da certeza sobre a indução, a indução por sua vez possui a vantagem de ser ampliativa (Sintética) a conclusão traz uma informação nova que não está contida nas premissas, enquanto a dedução é apenas explicativa (Analítica).
Se os argumentos dedutivos eram avaliados em dois níveis: segunda a validade e invalidade da forma lógica e segundo o conteúdo de verdade verdadeiro ou falso. Os indutivos, por sua vez, também são avaliados segundo estes dois aspectos, contudo, o que será levado em conta é, imaginando que as premissas são verdadeiras qual a probabilidade da conclusão também ser? é possível calcular esta probabilidade?
Segue o exemplo:
Um pote opaco contém 100 bolinhas de gude.
No pote, há 99 bolinhas azuis.
No pote há 1 bolinha vermelha.
Este jogo é honesto.
Alguém irá retirar uma bolinha.
A bolinha que será retirada é azul.
Neste argumento indutivo podemos calcular até a probabilidade de que a conclusão seja verdadeira 99%, o que faz este argumento forte.
Neste caso, no entanto:
Um pote opaco contém 100 bolinhas de gude.
No pote, há 99 bolinhas azuis.
No pote há 1 bolinha vermelha.
Este jogo é honesto.
Alguém irá retirar uma bolinha.
A bolinha que será retirada é vermelha.
Neste argumento indutivo podemos calcular até a probabilidade de que a conclusão seja verdadeira 1%, o que faz este argumento fraco.
Entretanto, é perfeitamente possível que a probabilidade seja destruída pela realidade e que apostando na saída de uma bolinha azul, que tem a esmagadora probabilidade de 99%, ainda assim, saia uma vermelha, quebrando nossa confiança e expectativa sustentada pela probabilidade.